Em outubro de 2005, a Unicamp deu um passo significativo na valorização das atividades de investigação científica, tecnológica e cultural ao instituir a Carreira de Pesquisador Pq. Trata-se de uma carreira acadêmica única no Brasil, voltada prioritariamente à pesquisa, sem deixar de lado as atividades de ensino e extensão. "A Carreira Pq se consolidou como um dos pilares da investigação científica na Unicamp, com atuação destacada também no ensino de pós-graduação, na extensão e na criação de tecnologias de ponta", afirmou a coordenadora da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa da Unicamp (COCEN), Raluca Savu, durante a abertura oficial das celebrações pelos 20 anos da carreira, realizada no auditório do Instituto de Computação (IC), no dia 16 de abril. A atividade contou com a presença de dezenas de pesquisadoras, pesquisadores e integrantes da comunidade acadêmica. Foi a inauguração de uma programação especial que a COCEN está promovendo ao longo do ano para celebrar a efeméride, culminando em outubro. Ao ser criada, a Carreira de Pesquisador Pq sucedeu a de Técnico Especializado de Apoio à Pesquisa Cultural, Científica e Tecnológica (TPCT). Embora o nome anterior sugerisse uma função de apoio, a categoria já exercia liderança em pesquisa. A mudança, portanto, institucionalizou esse protagonismo e ampliou a autonomia da função. "Como parte dessa celebração, precisamos reconhecer os caminhos já trilhados: os obstáculos enfrentados, os avanços conquistados, as pessoas que nos antecederam e ajudaram a construir o lugar que essa carreira hoje ocupa na universidade. A memória institucional, nesse sentido, é elemento central para que possamos compreender o presente e construir o futuro", refletiu Savu, em referência ao tema da mesa-redonda realizada no evento inaugural: memória. Dos Centros e Núcleos à evolução da Carreira TPCT - A carreira TPCT foi criada em 1993, durante a gestão do então reitor Carlos Vogt. "Estávamos vivendo um processo de grande transformação na vida das universidades paulistas, rumo à autonomia de gestão", relembrou Vogt, durante a mesa-redonda mediada pela coordenadora adjunta da COCEN, Marta Cristina Teixeira Duarte. O ex-reitor resgatou ainda momentos anteriores, destacando que essa trajetória remonta à criação dos Centros e Núcleos Interdisciplinares — um movimento pioneiro da Unicamp que ganhou tração sobretudo a partir da década de 1980. Por se tratarem de unidades autônomas, com estrutura e dinâmica distintas das Faculdades e Institutos, tornou-se necessário conceber uma carreira acadêmica com características próprias, diferentes da carreira docente. A criação da TPCT, portanto, representou uma inovação institucional. Com a transição para a atual Carreira de Pesquisador Pq, implementada durante a gestão de Eduardo Guimarães como coordenador da COCEN, foram incorporadas importantes mudanças. Passou-se a exigir a titulação mínima de doutorado para ingresso, e as possibilidades de atuação foram ampliadas: enquanto a carreira TPCT era restrita aos Centros e Núcleos, pesquisadoras e pesquisadores Pq passaram também a poder atuar nas unidades de ensino e pesquisa. Ainda assim, a origem da Carreira Pq permanece fortemente vinculada ao Sistema COCEN, o que ajuda a explicar sua marcante vocação interdisciplinar — traço que se mantém até hoje. Atualmente, a Unicamp conta com 91 pesquisadoras e pesquisadores Pq, dos quais 86 atuam nos Centros e Núcleos Interdisciplinares vinculados à COCEN. Uma das pautas atuais da categoria, contudo, é a ampliação da carreira para outros órgãos da universidade. Presente à mesa de abertura do evento, a pró-reitora de Pesquisa, Ana Frattini, defendeu que seria benéfico para todas as unidades de ensino, pesquisa e extensão contarem com pelo menos dois ou três pesquisadores Pq em seus quadros. Avanços institucionais fortaleceram consolidação da carreira - A Carreira de Pesquisador Pq tem conquistado, ao longo dos anos, importantes avanços institucionais na Unicamp. Entre os mais recentes, destaca-se a conquista de um assento no Conselho Universitário (CONSU), aprovada em 2023, que garantiu à categoria voz ativa nos processos decisórios da universidade. Esse marco se soma a uma trajetória longa de reconhecimento institucional, como relembrou a pesquisadora Claudia Pfeiffer durante a mesa-redonda sobre memória. Ela destacou que, no primeiro mandato da professora Ítala D"Ottaviano à frente da COCEN, a Câmara de Atividades Interdisciplinares do CONSU (CAI/CONSU) passou por uma reconfiguração significativa. Entre as mudanças, a coordenação da COCEN assumiu a presidência da câmara, e sua nova composição passou a refletir com mais precisão a diversidade das atividades interdisciplinares da universidade — incluindo, pela primeira vez, uma representação da carreira TPCT. Para viabilizar essa representação, foi necessária a realização de uma eleição interna, por meio de assembleia da própria categoria. "Para mim, esse é o grande acontecimento que marca o início das condições de possibilidade da carreira TPCT vir a se tornar a Carreira Pq. Porque nós nos vimos pela primeira vez, na sala do CONSU, os TPCTs todos reunidos", afirmou Pfeiffer, eleita como primeira representante da carreira naquele momento. A partir desse reconhecimento, a categoria encaminhou à COCEN a proposta de reconfiguração da carreira, de modo a refletir com mais fidelidade o perfil real de atuação de seus integrantes — marcado por autonomia, protagonismo e liderança científica. Foi nesse contexto que se constituiu um grupo de trabalho com representantes da carreira TPCT, "contando com apoio decisivo da COCEN para a construção do novo desenho institucional", conclui Pfeiffer. O evento contou ainda com a participação, nas mesas de abertura e mesa-redonda, do ex-coordenador da COCEN, Eduardo Guimarães; da representante da carreira Pq na CAI/CONSU, Fabíola Brigante Del Porto; da representante da carreira no CONSU, Ana Maria Carneiro; do pesquisador Fábio Maia Bertato; e da pesquisadora Carolina Zuccolillo. A plateia foi composta por dezenas de pesquisadoras, pesquisadores e demais integrantes da comunidade acadêmica, que prestigiaram a cerimônia e participaram ativamente das discussões.

Confira abaixo registros do evento

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por COCEN Unicamp (@cocenunicamp)