Terça-feira, 12 de setembro de 2017 - Por Ticiana de Toledo Fernandes
Como vai Ruanda duas décadas após o genocídio que deixou mais de 800 mil mortos?
O documentário "Filhos de Ruanda" foi exibido pela primeira vez na Unicamp
Imagem Como vai Ruanda duas décadas após o genocídio que deixou mais de 800 mil mortos?

Ana Terra Athayde (Esq.) e Ana Carolina de Moura Delfim Maciel

A Unicamp exibiu, nesta segunda-feira (11), o documentário Filhos de Ruanda. O evento, promovido pela Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen) em parceria com a Cátedra de Refugiados, aconteceu no auditório da Escola de Comunicação Corporativa (Educorp) e reuniu pesquisadores e interessados no tema. Filhos de Ruanda foi produzido e dirigido por Ana Terra Athayde, videojornalista brasileira que atua como freelancer para diversos veículos internacionais, como BBC e The Guardian. A ideia de compor o documentário surgiu após ter recebido uma bolsa da International Women's Media Foundation (IWMF) para desenvolver uma série de reportagens sobre como o país se reconstruiu após o genocídio. A jornalista conta que, durante sua estada de uma semana na capital Kigali, percebeu a possibilidade de relacionar as pautas que estava cobrindo e transformar o material em um documentário. A produção final tem 45 minutos de duração e conta a história de jovens ruandeses que cresceram durante o período que seguiu ao massacre. Após a reprodução do documentário, Ana Terra participou de um debate mediado por Ana Carolina de Moura Delfim Maciel, coordenadora da Cocen, e respondeu perguntas do público sobre as impressões que teve do país, incluindo a participação das mulheres na política (elas são maioria no parlamento) e as controvérsias do governo, que, apesar de promover uma reconciliação, é acusado de tornar a distinção entre etnias um tabu. Ana Terra ainda falou sobre os jovens, que representam quase 80% da população do país. Segundo ela, eles não parecem se apegar ao passado: estão interessados em novidades e querem ter a oportunidade de mostrar uma nova Ruanda. "Eles riem ao falar do genocídio. Isso foi uma coisa que me marcou muito", afirma. O Genocídio Em 1994, Ruanda foi palco de um genocídio que terminou com mais de 800 mil mortos. O país é dividido entre duas etnias principais, os Tutsis e os Hutus. Durante a colonização belga - época em que os Tutsis estavam no poder -, o governo criou um sistema de classes que separava e criava conflitos entre as etnias. Após a independência do país, em 1962, grupos Hutus tomaram o governo e passaram a marginalizar os Tutsis. Em abril de 1994, o presidente da Ruanda, Juvenal Habyarimana, foi morto em um atentado contra o avião em que viajava. Os Hutus então acusaram seus opositores de terem assassinado o presidente e, no dia seguinte, o genocídio começou. Durante três meses, militares e milicianos mataram quase um milhão de Tutsis e Hutus oposicionistas. O massacre só terminou quando a Frente Patriótica Ruandesa (FPR), liderada pelo atual presidente Paul Kagame, derrotou o governo e se instalou no poder. A videojornalista Ana Terra Athayde, produtora do documentário "Filhos de Ruanda", e Ana Carolina Maciel, coordenadora da Cocen, são entrevistadas no programa RTVDOC.

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