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Segunda-feira, 08 de junho de 2020 - Por Adriana Menezes
Mais uma arma contra a Covid-19
Unicamp desenvolve fórmula que pode se tornar um novo método de proteção e ação desinfetante
Imagem: Ljubica Tassic é química da Unicamp:
Ljubica Tassic é química da Unicamp: "A formulação está pronta e temos resultados preliminares promissores" | Foto: Divulgação.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), dos Institutos de Química, Biologia e Física, desenvolveu a formulação de um spray de nanopartículas de prata que pode contribuir na contenção da disseminação do SARs-CoV-2, causador da Covid-19. A ideia inicial é propor o uso do produto como agente sanitizante para superfícies de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) hospitalares, permitindo o reuso de alguns materiais. Ainda em andamento, a pesquisa já apresenta nos testes laboratoriais resultados promissores na atividade virustática (que inibe a replicação do vírus), com boas perspectivas de se tornar mais um método de proteção e ação desinfetante. De acordo com a pesquisadora e professora de Química da Unicamp Ljubica Tassic, as nanopartículas de prata são agentes antimicrobianos com potencial antibactericida. Há estudos que comprovam que as partículas também agem contra outros tipos de vírus, como HIV, HBV (causador da hepatite B) e influenza. "Já tínhamos indícios de que poderia dar certo", diz Ljubica, que há mais de 20 anos saiu da Sérvia para o Brasil para fazer pós-doutorado na Unicamp. "A formulação está pronta e temos resultados preliminares promissores. Nas próximas semanas, vamos ter conhecimento de como agem as nanopartículas contra modelos celulares in vitro", afirma a pesquisadora. "Esperamos poder propor um agente sanitizante que pode deixar superfícies seguras para reuso. Até o momento, temos a formulação de um spray com boa aderência e que não deixa cheiro", completa. Com as pesquisas avançadas e já em fase de testes, a expectativa é que uma empresa possa se interessar pela fabricação do produto. Há cerca de dez anos o grupo de pesquisa em que Ljubica atua, no Instituto de Química da Unicamp, trabalha com nanopartículas de prata biogênica, extraídas da casca da laranja, método biológico de baixo impacto ambiental. "Já tínhamos investigado a atividade microbiana das nanopartículas, que se mostraram bastante ativas frente a vários microorganismos, fungos e bactérias." Segundo a professora, já existem patentes desta pesquisa para fabricação de tecidos anticépticos e também para spray agroquímico.

Força Tarefa

Em março, quando oficialmente teve início a pandemia no Brasil, a equipe multidisciplinar de pesquisadores resolveu trabalhar em uma atividade que pudesse inibir a infecção ou o espalhamento do SARs-CoV-2. Deram início aos testes em abril, no Instituto de Biologia, para verificar a ação das nanopartículas de prata. Os resultados foram positivos para efeito virustático. "Chegamos à ideia de fazer um spray para usar no visor", lembra Ljubica. Na Biologia, o trabalho é coordenado pela professora Clarice Weis Arns; os pesquisadores André Luiz Jardini Munhoz e Leonardo Abdala Elias coordenam a pesquisa no Laboratório Biofabris (onde nas próximas semanas serão realizados testes de aderência nos visores que são descartados por profissionais de saúde); enquanto no CCSNano (Centro de Componentes Semicondutores), os trabalhos têm a responsabilidade dos pesquisadores Raluca Savu e Stanislav Mochkalev. Todos passaram a se engajar neste trabalho dentro da Força Tarefa Covid-19 da Unicamp. "Buscamos ações imediatas, a curto prazo, especialmente para o sistema de saúde", afirma Ljubica. No futuro, com o avanço das pesquisas, ela acredita que a formulação pode ser aplicada em cremes de uso farmacêutico ou spray para uso doméstico. A tecnologia das nanopartículas de prata (AgNPs), inclusive, já é utilizada em pomadas para cicatrização de pele, como queimaduras, já aprovadas pela Anvisa, afirma a pesquisadora. "Por isso acreditamos que estamos em um bom caminho", conclui Ljubica. O uso do spray de nanopartículas de prata, portanto, pode ser mais um método de desinfecção e proteção, que se somaria aos que são utilizados hoje, como a lavagem das mãos com sabonete e o uso de máscaras, equipamentos individuais de proteção e álcool 70. "Nós tivemos no início dos anos 2000 a epidemia SARS, depois em 2012 o MERS (ambos vírus da mesma família do coronavírus) e agora a Covid-19. Nos últimos 20 anos tivemos várias infecções virais que comprometeram a saúde no mundo todo. Acredita-se que esta não será a última pandemia que vai atingir o mundo todo", declara a pesquisadora Ljubica. "Precisamos trabalhar mais forte para buscar métodos de proteção e novos sanitizantes e materiais que podem ser úteis para desinfecção", completa. De acordo com a pesquisadora romena Raluca Savu, engenheira física do CCSNano que também participa da força tarefa, cientistas do mundo inteiro buscam hoje entender qual o funcionamento do vírus e como se dá a transmissão. "Está todo mundo estudando. Enquanto não sai a vacina, temos de achar um jeito de poder ter uma vida minimamente normal e mais protegida", afirma Raluca. Para ela, pelo menos nos próximos três anos o uso de EPIs será parte do cotidiano das pessoas. Ela também comemora os resultados preliminares da pesquisa com o spray de nanopartículas de prata. A sua pesquisa em nanocelulose para fabricação de micrografite foi incorporada ao trabalho conjunto do spray. "Estávamos pesquisando uma estrutura que desse resistência mecânica. Unimos pesquisas. Veio a ideia de usar os filmes de micrografite decorados com partículas de prata para ação antiviral, usando nas máscaras hospitalares. No futuro, podem ser máscaras para todas as pessoas usarem, criando uma barreira efetiva", conclui Raluca.
Saiba mais sobre: Raluca Savu Stanislav Moshkalev
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