Saúde e agropecuária são focos de pesquisas no Centro de Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial
Pesquisadores do Cepagri, do Nudecri e do CLE, da Cocen, participam do projeto sediado na Unicamp, e que contará com pesquisadores de diferentes universidades brasileiras e estrangeiras, além de empr
Na última terça-feira (4/5), foram anunciadas as seis propostas aprovadas para a criação de Centros de Pesquisas Aplicadas em Inteligência Artificial no país. Entre elas, o Brazilian Institute of Data Science (BI0S), liderado por João Marcos Romano, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) e atual Pró-Reitor de Pesquisa da Unicamp. Fazem parte do Instituto, pesquisadores do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri) e do Centro de Lógica e Epistemologia (CLE), ligados à Cocen, que vão realizar pesquisas sobre agropecuária, percepção de ciência e divulgação científica.
O Centro, criado em resposta a uma chamada FAPESP-MCTIC-CGI.BR em 2020, tem como temática principal a Saúde, com atenção especial a problemas associados à saúde da mulher. A ideia é buscar soluções para diagnóstico de doenças e predição de agravos com base em Inteligência Artificial. Inicialmente os pesquisadores irão abordar problemas relacionados à morte materna e neonatal e à mortalidade precoce de mulheres por doenças preveníveis e potencialmente curáveis como o câncer de colo e de mama.
A agropecuária, também foco do BI0S, é fundamental para garantir a qualidade de vida das pessoas, não só pela segurança alimentar, mas também pela produção de fibras, combustíveis e insumos para vários setores industriais. As pesquisas na área envolvem também serviços que visam à qualidade da água, do solo e do ar, a conservação das áreas florestais e a saúde populacional.
O coordenador do BI0S, João Marcos Romano, em depoimento ao Jornal da Unicamp, explica que além dessas duas trilhas – Saúde e Agro – há uma terceira, que serve de base para as demais, que é a metodologia. Será uma trilha dedicada ao estudo dos algoritmos, das técnicas e das bases teóricas da aprendizagem de máquina e da inteligência artificial.
Jurandir Zullo Júnior, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura e representante da trilha Agro, afirma que: "o BI0S é muito importante pela relevância dos temas que ele pretende tratar, pelo envolvimento da iniciativa privada e pela qualidade da equipe que foi montada. A possibilidade, por exemplo, de combinar temas das áreas de saúde e agricultura tem muito interesse prático."
Com relação aos primeiros passos a serem tomados pela trilha Agro, Jurandir diz que é interessante que as iniciativas conjuntas já estão em andamento mesmo antes da aprovação do projeto. "Isto é muito importante. Já fizemos uma reunião entre as coordenações das trilhas agro, saúde e métodos para iniciar a organização dos trabalhos. Estamos esperando o parecer oficial da FAPESP para saber o que foi realmente concedido."
Além dos pesquisadores da Unicamp, o BI0S conta com a parceria de instituições de referência em saúde no Brasil, como a Fiocruz do Rio de Janeiro e a USP campus Ribeirão Preto e o Hospital Israelita Albert Einstein, outras universidades, como o Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade Federal do ABC; a Fundação para Inovações Tecnológicas (Fitec) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD). O BI0S terá também a colaboração de universidades internacionais e empresas.
Cada centro receberá o investimento de R$ 10 milhões no período de cinco anos, sendo R$ 5 milhões por repasses públicos e outros R$ 5 milhões por parcerias com a iniciativa privada. Há ainda a possibilidade de renovação dos contratos por mais cinco anos, totalizando o investimento de R$ 20 milhões por proposta aprovada.