O que caracteriza o assédio moral? Como identificá-lo no ambiente de trabalho e não confundi-lo com cobranças e demandas das atividades profissionais? Como preveni-lo e o que fazer caso se confirme uma situação de assédio? Para esclarecer essas e outras questões, que costumam ser bastante delicadas e geram muitas dúvidas, as psicólogas do trabalho Luciana Batista e Terezinha Lima, da Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH/CRIAT), realizaram a palestra "Assédio Moral e Gestão de Conflitos", na manhã da última sexta-feira (16), no auditório da Educorp, para servidores do Sistema Cocen. O evento foi promovido pela Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa da Unicamp (Cocen). Na abertura do evento, a coordenadora da Cocen, Ana Carolina de Moura Delfim Maciel, abordou a evolução na forma como o tema do assédio tem sido tratado nos ambientes corporativos, frisando que certas posturas assediadoras antes tidas como aceitáveis são atualmente combatidas e punidas - inclusive criminalmente, nos casos de assédio sexual. "A gente acredita que é muito importante disseminar esse tema na universidade. Temos trabalhado por uma cultura de paz, uma cultura em que prevaleça o respeito, em que a gente consiga coibir as práticas abusivas na universidade. Temos feito workshops e palestras para que todos tenham conhecimento do que é assédio moral e do que não é assédio moral. Ajudamos também os gestores das unidades a pensar em como lidar com os conflitos de uma maneira aceitável e respeitosa", disse Terezinha Lima. A definição de assédio costuma gerar dúvidas. As palestrantes esclareceram que o assédio é caracterizado pela exposição de pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no exercício de suas atividades de trabalho, de forma contínua e reiterada. Episódios pontuais podem ser enquadrados como dano moral, mas para caracterizar o assédio é preciso que se verifique a recorrência prolongada. "Uma dúvida que surge bastante é: será que existe assédio ascendente, do funcionário para o chefe? A gente ouve muito essa pergunta. Muitas vezes se acredita que o assédio é necessariamente do gestor para o funcionário, mas essa situação pode ocorrer em qualquer direção ou sentido, pode ser descendente, ascendente, entre pares, misto", disse Luciana Batista - observando que as pessoas se sentiram à vontade para participar, realizando diversas intervenções bem-vindas durante a palestra. "É muito bacana quando as pessoas participam, porque isso nos lembra de novos exemplos para dar e engrandece a palestra. Os participantes trouxeram reflexões, ideias e pensamentos muito ricos. Acho que muitos vão sair daqui e continuar pensando sobre o assunto", declarou Luciana. As palestrantes reforçam que, antes de dizer se uma situação é assédio ou não, é preciso ouvir todas as partes envolvidas para entender o contexto e analisar se há indícios de fato.