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Sexta-feira, 13 de janeiro de 2023 - Por Rafael Brandão
"Iniciativa acertada", diz coordenador do CMU sobre projeto de memorial do atentado contra a democracia em Brasília
André Paulilo considera que é preciso assumir uma política de memória a partir do novo Ministério da Cultura
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Ainda em clima de tensão institucional, o Brasil segue acompanhando os desdobramentos dos atentados golpistas realizados por bolsonaristas nas sedes dos três poderes federais no último domingo (9) em Brasília. Além da depredação generalizada dos edifícios invadidos, ações deliberadas de vandalização de obras de arte e patrimônio histórico foram destacadas na repercussão dos atentados. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, declarou que o governo avalia construir um memorial para que a violência golpista do episódio não seja esquecida. Para o coordenador do Centro de Memória - Unicamp (CMU), André Paulilo, a iniciativa é mais que acertada: é necessária. "É preciso assumir uma política da memória a partir do Ministério da Cultura. Especialmente nesse momento em que notícias falsas, meias verdades e um revisionismo histórico criminoso catalisaram a destruição do patrimônio em Brasília, a criação de um memorial para lembrar este assalto contra a vontade política da maioria da população será fundamental para dar o alcance adequado ao repúdio que merecem as ações de depredação da cultura, da história e da política", diz o docente, que é historiador e professor da Faculdade de Educação da Unicamp. Na quinta-feira (12), o Ministério da Cultura divulgou relatório preliminar com um panorama dos danos causados ao patrimônio público, elaborado por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O relatório aponta que, de maneira geral, os danos verificados são, em sua maioria, reparáveis. André Paulilo analisa que os ataques foram direcionados ao que as obras representam culturalmente: uma ligação com a história e a identidade nacional na forma como foram elaboradas pelas políticas de Estado. "A depredação manifestou desprezo e ódio político frente a uma tradição cultural que aquelas pessoas pareciam querer condenar à danação escatológica, traço que, além de intolerância e fanatismo, revela também ignorância. São ações que atestam o alcance que atualmente tem no Brasil a guerra de narrativas sobre o passado e a memória nacional. Deste ponto de vista, é a democracia o alvo principal", discorre. Futuro Deslocalizado Ao avaliar a proposta da criação de um memorial do atentado contra a democracia, André menciona algumas reflexões recentes do acadêmico alemão Andreas Huyssen, referência em estudos sobre as relações das cidades e das artes com a memória, para quem "a cultura da memória preenche uma função importante na atual transformação da experiência temporal que teve lugar na sequência do impacto dos novos media na percepção e sensibilidade humanas". "Afinal, como construção social, a memória fornece quadros de orientação para a leitura de mundo e isso me parece fazer dela um elemento central de qualquer política cultural plural e democrática. Sublinho a percepção de Huyssen do papel da memória nesse atual contexto de uma presentificação redutora da experiência social", diz André, acrescentando que, segundo o autor alemão, nossas preocupações com a memória atualmente resultam do "pavor de um futuro deslocalizado", ou seja, sem referências de identidade.
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