Quinta-feira, 26 de janeiro de 2023 - Por
Redação
Liderado por David Lapola, do Cepagri, estudo sobre degradação da Amazônia é capa da Science
"Amazônia Perdida": degradação na floresta é ainda maior do que cientistas pensavam
Mais de um terço da floresta amazônica sofre com degradação causada por humanos, segundo estudo inédito publicado nesta sexta-feira (27) na revista Science, com destaque na capa da edição.
O estudo foi liderado pelo pesquisador David Lapola, do Cepagri/COCEN, e assinado por 35 autores de instituições nacionais e internacionais.
"Amazônia Perdida", diz capa da Science, destacando o estudo liderado por David Lapola, do Cepagri/COCEN/Unicamp.
O artigo demonstra que cerca de 38% do que resta da área de floresta sobre com algum tipo de degradação, conceito que envolve quatro fatores principais: fogo na floresta, efeito de borda (mudanças que acontecem em áreas de floresta ao lado das áreas desmatadas), extração seletiva (como desmatamento ilegal) e secas extremas.
As conclusões do estudo resultam de uma revisão analítica de dados científicos baseados em imagens de satélite e dados do chão já publicados anteriormente, sobre mudanças na região amazônica entre 2001 e 2018.
Smart Forests
Além dos efeitos sobre o clima e a biodiversidade, os cientistas avaliam que a degradação da Amazônia tem impactos socioeconômicos significativos que devem ser investigados de forma mais aprofundada. "A degradação favoreve poucos, mas leva fardos a muitos", afirma Lapola.
O conceito de degradação envolve o desmatamento, mas é mais amplo, de modo que, segundo os autores, os quatro fatores de degradação tendem a continuar sendo as principais fontes de emissão de carbono na atmosfera em uma projeção até 2050, independentemente do crescimento ou cessão do desmatamento.
"Ações e políticas públicas e privadas para coibir desmatamento não necessariamente vão resolver degradação também", avalia Lapola. "É preciso apostar em estratégias invoadoras", completa.
Os autores do artigo propõem a criação de um sistema de monitoramento para a degradação, além da prevenção e coibição do corte ilegal de madeira e controle do uso do fogo.
Uma das sugestões é o conceito de "smart forests", que, assim como na ideia de "smart cities", usa diversas inovações tecnológicas para coletar dados e melhorar a qualidade do ambiente.