Finalizado
O presente trabalho surgiu da proposta de um estudo sobre o movimento Ciência Aberta, suas reivindicações e ideais. Trata-se de um novo modo de fazer ciência, a partir das possibilidades das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que potencializam interações. Também conhecido como Open Science, o movimento se caracteriza pela adoção de práticas científicas abertas nas suas mais variadas formas, em prol do livre acesso à produção do conhecimento. Com noções de compartilhamento, a prática de Ciência Aberta defende a interação, a colaboração, a construção coletiva. Se configura como uma reação ao que se denomina de privatização do conhecimento, seja pelo fortalecimento do sistema de propriedade intelectual ou pelas restrições de copyright. O movimento Ciência Aberta é associado a outros dois movimentos, Software Livre e Open Access, que, por serem anteriores, são apontados como influências. A noção de livre acesso é ampliada na proposta da Ciência Aberta, ao englobar as reivindicações desses dois movimentos e inserir, nessa abertura, outras práticas, como disponibilização de cadernos de laboratório e o desenvolvimento de pesquisas em ambientes públicos e abertos à participação, seja, por exemplo, em uma página wiki ou em um laboratório comunitário. Neste trabalho foi abordado o movimento que está sendo organizado no Brasil, a partir da formação do Grupo de Trabalho em Ciência Aberta, em 2013. Esse grupo é entendido, aqui, como o ator que se propôs a organizar o movimento no Brasil, por meio da aproximação entre pesquisadores e pessoas interessadas em práticas científicas abertas, bem como instituições. O estudo envolveu o acompanhamento das ações desenvolvidas dentro do grupo, por meio dos dois encontros realizados (um em São Paulo, em 2013, por ocasião do anúncio da formação do grupo, e o outro no Rio Janeiro, em 2014), da lista de discussão e de entrevistas realizadas, entre outros. A Ciência Aberta mobiliza pesquisadores, ativistas, hackers nessa concepção da livre partilha e construção coletiva. Uma nova proposta para o fazer ciência, mas uma ciência inserida no conceito da tecnociência.